Famílias processam redes sociais: viciam e eventualmente matam

Jovem olha o celular no escuro © Tarikul Raana/ Pexels

Nos Estados Unidos, um grande número de famílias está enfrentando um pesadelo atrás do outro: depois de terem perdido seus filhos para o suicídio, overdose, “desafios” online e outros problemas, supostamente relacionados ao uso excessivo das redes sociais, agora se veem em tribunais de justiça pedindo indenizações para empresas milionárias e poderosas.

A BBC fez uma longa reportagem sobre essas ações judiciais, onde conta alguns casos específicos em que muitos mães e pais nos Estados Unidos estão processando empresas de redes sociais, como Meta (proprietária do Facebook e Instagram), Snap (dona do Snapchat), Google (responsável pelo YouTube) e ByteDance (gestora do TikTok), alegando que seus produtos são “defeituosos”, “viciantes” e “perigosos”, causando danos físicos, mentais e emocionais às crianças e adolescentes que as utilizam. 

Redes sociais viciam e eventualmente matam

Essas famílias argumentam que as plataformas expõem conscientemente os jovens a conteúdos prejudiciais e que os recursos das redes são projetados para serem viciantes, sem fornecerem avisos adequados sobre os riscos. Os processos são parte de um esforço maior para responsabilizar as empresas de tecnologia por suas práticas. No entanto, enfrentam obstáculos legais significativos, incluindo normas que isentam as redes de responsabilidade sobre o que é publicado por terceiros, garantindo liberdade de acesso, de expressão e pensamento.

Resumindo, não é uma questão simples de debater. Proibir o uso seria a melhor solução? A Associação Americana de Psicologia, por exemplo, afirma que “o uso de redes sociais não é inerentemente benéfico ou prejudicial para os jovens”.

Pressão social

Apesar das resistências, esses processos são vistos como uma maneira de pressionar as empresas a implementarem mudanças e alertarem sobre os potenciais perigos de suas redes. Enquanto isso, as empresas de tecnologia defendem seus produtos, afirmando que estão constantemente implementando medidas para proteger os jovens em suas plataformas.

Por outro lado, as famílias argumentam que essas medidas são insuficientes para proteger os usuários mais jovens. O Congresso americano também está investigando o impacto das redes sociais sobre as crianças, com foco crescente nas questões de saúde mental e segurança online.

O caso norte-americano levanta a dificuldade de aprovar uma legislação capaz de proteger os jovens na internet. E tal dificuldade é global. Além da resistência e das dificuldades para chegar a um consenso sobre como regulamentar, tem-se de outro lado gigantes da tecnologia, poderosas política e financeiramente.

Mas enquanto os processos continuam e o debate sobre a regulamentação das redes sociais ganha espaço, é preciso incluir uma questão muito complexa por trás dessa dinâmica. Famílias sem tempo para os filhos, uma sociedade cada vez menos social nas interações físicas, e mais virtualmente conectadas. Há a responsabilidade dos Estados, das empresas, mas também das famílias e da sociedade civil.

Sem ajuda, as famílias se veem impotentes diante desse oceano monstruosamente gigante que é a internet, onde navegar é sempre um risco, sobretudo para os jovens.

As famílias afetadas esperam que suas ações possam ajudar a prevenir que outros jovens enfrentem os mesmos problemas que seus filhos enfrentaram. 

Esse é um debate urgente também em nosso país. A SOW Saúde Integral está aberta para ajudar famílias que se veem em situação de risco. Entre em contato conosco.

Fonte: As famílias que perderam filhos por suicídio e overdose e agora processam redes sociaisartigo publicado na BBC Brasil em 04/04/2024

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