E a saúde (mental) das crianças no Brasil, como vai?

A saúde mental na infância e adolescência requer um reposicionamento nas políticas públicas brasileiras, reconhecendo sua importância como parte integrante da atenção à saúde nessa faixa etária. Isso implica em uma coordenação intersetorial para produzir um retrato preciso da saúde mental dessa população, promover estudos de intervenção locais e nacionais, implementar diretrizes de prevenção e acesso à saúde mental, ampliar a força de trabalho especializada e envolver crianças, adolescentes e famílias na construção desse cuidado. É isso o que nós, da SOW Saúde Integral, estamos nos comprometendo a fazer, dado que no Brasil, faltam muitos recursos para que a saúde integral seja tratada com a importância que merece. 

Saúde Integral 

Não existe saúde física sem saúde mental se considerarmos a complexidade do organismo humano. Por isso falamos em saúde integral. A saúde mental, especialmente na infância e adolescência, apresenta nuances interligadas a diversos aspectos sociais e ambientais, exigindo abordagens operacionais mais complexas do que as aplicadas em condições físicas. A reflexão sobre o bem-estar emocional e mental nessas fases da vida deve considerar a interação entre fatores ambientais, genéticos e neurobiológicos, além de questões como sono, nutrição, ambiente familiar, desigualdades sociais e impactos da pobreza e discriminação.

Milhões de crianças e adolescentes precisam de ajuda

No contexto global, estima-se que 13,4% dos jovens com menos de 18 anos, cerca de 241 milhões, enfrentem algum tipo de transtorno mental, o que evidencia a magnitude do problema. No Brasil, fazendo uma estimativa comparável, seriam 8 milhões de crianças e adolescentes com algum tipo de problema de saúde mental, sendo os mais comuns os transtornos de ansiedade, transtornos disruptivos, de déficit de atenção/hiperatividade e transtornos depressivos.

Contudo, lacunas persistem na compreensão desses números, devido a fatores como estigma, dificuldades na mensuração epidemiológica e falta de recursos dedicados à saúde mental na infância e adolescência. Além disso, fatores de risco desde a concepção até a primeira infância influenciam o desenvolvimento de transtornos mentais ao longo da vida, destacando a necessidade de pesquisas e políticas de prevenção abrangentes.

O SUS não é suficiente

No Brasil, a saúde mental é integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que engloba serviços comunitários como atenção básica, psicossocial especializada, urgência e emergência, hospitalar, residencial transitória, desinstitucionalização e reabilitação psicossocial. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são fundamentais nessa rede, incluindo modalidades como o CAPSi, voltado para crianças e adolescentes com transtornos mentais graves.

No entanto, a disponibilidade desses serviços varia de acordo com as localidades e enfrenta desafios estruturais, financeiros e de acesso. Estudos mostram que a dificuldade de acesso aos serviços de saúde mental no Brasil é influenciada por fatores como gênero, nível educacional, região de residência e status socioeconômico.

Uma outra questão a ser colocada é a falta de profissionais e voluntários. A Política de Saúde Mental no Brasil enfatiza a importância da formação em saúde mental para profissionais de diferentes áreas e o engajamento de trabalhadores leigos, desde que supervisionados. É essencial priorizar pesquisas para entender melhor as necessidades e lacunas na saúde mental infantil e adolescente, adaptando programas às especificidades culturais locais. É também crucial incluir as vozes das crianças, adolescentes e famílias na formulação de políticas e explorar o potencial das tecnologias digitais para ampliar o acesso aos serviços de saúde integral.

SOW Compromisso Social

Diante dos desafios de acesso aos serviços de saúde integral, especialmente para crianças e adolescentes, a SOW Saúde Integral surge como uma iniciativa comprometida em enfrentar essas questões e promover uma sociedade mais saudável e justa. Somos a ponte entre profissionais comprometidos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Convidamos você a se juntar a nós nessa empreitada.

Veja AQUI como se tornar sócio ou colaborador.

Fonte: 2° Fórum de Políticas Públicas de Saúde para a Infância. Saúde Mental de Crianças e Adolescentes no Brasil: Evidências para Ação, publicado pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal.

Compartilhe nas mídias

Comente o que achou: