Comunicação Não Verbal

O conceito de Comunicação Não-Violenta idealizado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg na década de 60, privilegia a possibilidade de relações mais respeitosas, almejando trocas, tendo como objetivo principal o diálogo e o ganha a ganha.

Apesar do conceito ter aproximadamente mais de 20 anos, o tema nunca foi tão atual. Afinal, a nossa dificuldade de comunicação com o outro é atemporal.

Uma pergunta para refletirmos: A Comunicação ou a falta dela é o problema ou apenas o sintoma de que as coisas já não vão bem em muitos aspectos das relações interpessoais nas empresas?

Hoje no mercado de trabalho podemos encontrar entre 3 e 4 gerações trabalhando juntas. O mundo mudou e o muito que funcionava antes, já não faz mais sentido. Inclusive nos modelos de comunicação.

Modelos rígidos, inflexíveis, considerados arcaicos e que visam apenas uma via unilateral de comando e controle, não aproximando a tarefa com os questionamentos e propósitos das pessoas, serão postos em cheque.

Nesse sentido, podemos sistematizar, a CNV em quatro pilares:

Distinção entre observação e juízo de valor: Separação dos fatos concretos (aquele que aconteceu e é visível aos olhos), daquilo que eu penso e sobre aquilo que acho dos fatos ocorridos.

Distinção entre sentimentos e pensamentos: O que e como nos sentimos perante aquilo que estamos observando.

Distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias: Necessidades que estão por trás de nossos sentimentos. Aceitando a responsabilidade por aquilo que fazemos com nossos próprios sentimentos, conseguimos traçar estratégias para estabelecer um diálogo com o outro.

Distinção entre pedidos e exigências/ameaças: Ações concretas que pedimos ao outro com intuito de enriquecer o diálogo e a troca. Promovendo o respeito, o consenso e o ganha a ganha.

Aqui o caminho do meio, é a chave para o sucesso!

A CNV não é só importante no ambiente profissional, mas também atravessa as múltiplas camadas da nossa vida e deve começar desde cedo, na educação das crianças e dos jovens.

Na educação infantil, familiar e no meio escolar:

Através de laços, exemplos e uma educação que reforcem que a diferença que existe no outro, será complementar e não uma ameaça. À medida que a criança vai crescendo, será necessário estimular sua autonomia, estabelecendo limites claros através de uma responsabilidade compartilhada com seus pais, seus cuidadores e no meio escolar com seus colegas e professores.

Ao Jovem Adolescente:

Na adolescência, é imprescindível estimular durante esse período de transição (a passagem da infância que vai ficando para trás e a fase adulta que chega), que esse jovem possa caminhar e construir experiências aprendendo a se distanciar pouco à pouco da alienação de sua família parental, indo pouco à pouco, à medida de seu amadurecimento bio, psíquico e emocional, novos parâmetros, desejos e interesses para a sua existência.

Não podemos desconsiderar a importância dos erros e acertos como possibilidade de aprendizado.

Ao mesmo tempo que o jovem experimenta e põe a mão na massa, deverá continuar com o auxílio de seus pais e de sua rede expandida de cuidados. Incluindo o vínculo com a escola, com os pares, amigos e confidentes.

Para o jovem, o vínculo, o laço e a sua rede de afetos também serão fatores de proteção contra ambientes hostis, ao bullying escolar, as incertezas de suas escolhas, comparações externas, ansiedade e à eventual apreensão ao que acontecerá no futuro.

O percurso aqui deverá ser de auto responsabilidade, estima e confiança para errar, aprender e vivenciar limites claros que cercarão a impulsividade tão própria desta fase da vida.

No Ambiente de Trabalho:

Em uma cultura organizacional é importante notar e considerar que sempre haverá o Dito e o Não Dito das relações.

É o famoso Oficial e o Oficioso. Desconsiderar uma face dessa moeda é negligenciar em alguma medida, o outro lado.

Prestigiar a proximidade e abertura para o diálogo é ao mesmo tempo manter a porta entreaberta para resoluções de conflitos, gerenciamento de crises, respeito, confiança e por consequência engajamento e melhores entregas.

Por fim, lembremos:

Crianças sem educação e sem limites serão adultos que reproduzirão inevitavelmente, nas empresas e nas escolas a falta de limites que tiveram.

A atuação da CNV deverá ser mais ampla, envolvendo pais, educadores, empresas, líderes e pessoas.

Assim que eu me “Adultizo” psiquicamente, posso educar e liderar pessoas através do exemplo.

Não podemos esquecer também, que do ponto de vista da psicanálise, só é possível ouvir o outro, quem está bem consigo e quem já foi capaz de ouvir seus próprios afetos.

Pois, quem só fala, não ouve.

Parafraseando, Alberto Caeiro, “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.”

Então, o que acha? Vamos praticar?

Conheça os projetos de intervenções em empresas, escolas, grupos e instituições.

Compartilhe nas mídias

Comente o que achou: